segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Previdência Social

Lastimável este longo futuro que me aguarda
Sem visões, prevejo algo de ruim a cada dia
Resisto a todo instante pela sobrevivência
A sociedade que me cultuava, hoje cospe em mim
Largado, fudido, fedido
Sou mais um mendigo catando os restos de minhas palavras
Tantas vezes escritas nos jornais
Dinheiro, ganância, vaidade
Viajo hoje apenas nos meus sonhos repentinos de solidão
Prefiro à vida solitária em baixo de um teto com comida
Às ruas cheias de luxo e lixo
Talvez se eu tivesse pensado nisso há algum tempo atrás
Não precisaria pensar nisso agora
Com tantas feridas abertas com o tempo
Nas minhas pernas, nas minhas costas, no meu coração
Não desisto de viver, apenas sobrevivo sem expectativas
Entreguei minha alma a Deus e vendi minha imagem ao mundo
Meu lar é tudo aquilo que eu mesmo construí durante anos
Minha cama, meu cobertor, minhas paredes
Minhas palavras me levaram do tudo ao nada
Sou mais um mendigo como tantos pombos na praça da cidade